Durante a realização de audiência pública, nesta sexta-feira (25), na Câmara Municipal de Teresina (CMT), para discutir os problemas do aterro da capital, o engenheiro Cid de Castro Dias alertou sobre o descaso com o processo de coleta e separação dos resíduos sólidos que são coletados diariamente em Teresina. Dentre os problemas mais graves consta a existência de uma esteira para a separação do lixo que foi instalada no local há mais de dez anos e que ainda hoje não funciona, dificultando o processo de coleta seletiva, que é realizado de forma incipiente no aterro.
“Há 14 anos venho trabalhando com a questão da coleta dos resíduos sólidos e apesar do aterro ter melhorado um pouco, não entendo os motivos que levam a Prefeitura a tratar a questão do lixo com descaso. Todas as grandes cidades já implantaram a coleta seletiva do lixo, menos Teresina, que ainda está dependente do trabalho dos catadores, que atuam sem luvas ou qualquer outro tipo de equipamento de proteção individual. Em uma última visita que fiz ao local, constatei que a esteira de separação do lixo está lá há dez anos e ainda hoje não funciona”, ressalta Cid de Castro Dias.
A audiência pública foi proposta pelo vereador Inácio Carvalho (PP), tendo em vista que 60% dos municípios brasileiros, incluindo Teresina, não se adequaram às normas impostas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. “Nosso intuito é fazer com que a Lei seja cumprida em nossa capital, pois o aterro de Teresina está em vias de esgotamento, além do lixo que chega lá diariamente não ser tratado da maneira correta, contribuindo para a poluição de nossos mananciais. Sem falar na quantidade de resíduos sólidos que poderiam ser reciclados, sem que fossem depositados no aterro”, reforça o parlamentar.
Para o vereador, o ponto em comum da discussão foi a falta de educação ambiental da população, fazendo-se necessária a destinação de recursos voltados para campanhas educacionais em relação ao meio ambiente, assim como o aparelhamento urgente das esteiras existentes no aterro. “Também solicitamos que a Prefeitura inclua a Associação dos Catadores no comitê gestor dos resíduos sólidos, além de nos comprometermos a modificar a legislação existente para adequar às necessidades dos atores envolvidos no processo de coleta e tratamento do lixo na cidade”, afirma Inácio Carvalho.
“Coleta seletiva não é viável economicamente”, afirma secretário executivo da Semduh
De acordo com Vicente Moreira, secretário executivo de Desenvolvimento Urbano e Habitação, a implementação da coleta seletiva não é um processo viável economicamente, tendo em vista que exige um maior número de recursos em relação à coleta de lixo padrão, feita pelos carros de coleta que percorrem a cidade. Enquanto a recolha de uma tonelada de lixo de forma tradicional custa em média R$ 100, o processo de coleta seletiva dos resíduos para uma tonelada gera um custo de aproximadamente R$ 320.
“Não temos uma cultura da coleta seletiva em Teresina. A Prefeitura já implantou projetos de coleta que iam de porta em porta, mas que não prosperou pela falta de interesse da própria população. O processo de coleta seletiva só gera benefícios do ponto de vista ambiental, não sendo economicamente viável economicamente. Defendemos que a responsabilidade pelo lixo é de quem gera, cabendo à gestão municipal a fiscalização e o incentivo à adoção dessas políticas”, argumenta Vicente Moreira.
Atualmente, a Prefeitura de Teresina mantém 14 Pontos de Entrega Voluntária (PEV) do lixo, que recebem cerca de 30 toneladas de resíduos recicláveis por mês. Enquanto nos demais 19 pontos de recebimento de resíduos espalhados por todas as zonas da cidade são coletadas duas mil toneladas mensal de lixo não domiciliar, como móveis e resíduos de construção. “A população joga fora, de forma irregular, quase a mesma quantidade de lixo que recolhemos por dia”, acrescenta Vicente Moreira.
Em: 28/09/2015 09:43:00