"Temos uma realidade que não desejo a ninguém. Não existe atendimento humanizado nos CAPs. Minha irmã frequenta os CAPs, mas não suporta passar o dia inteiro naquele ambiente sujo, imundo, não suporta a junção de pessoas com doenças mentais, mesmo doente ela não aceita. Quando ela está com crise, não sabemos a quem recorrer. Lá, eles estão dentro de um depósito tratados como animais".
O relato que critica a situação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) foi dado por Fátima Rodrigues, irmã de uma paciente de esquizofrenia que está com complicações em seu tratamento porque não aceita o tratamento e as condições dos CAPs de Teresina. As declarações foram dadas hoje (21) em audiência pública na Câmara de Vereadores que discutiu os serviços de saúde mental de Teresina e a ampliação dos CAPs AD. Teresina possui um CAPs III (pacientes em crise), quatro CAPs II (atendimento rotineiro) e um CAPs AD (álcool e drogas).
A promotora Claudia Seabra considerou a problemática do setor muito grave e lembrou da execução de R$ 632 mil do MP-PI contra a Prefeitura por não cumprir Termo de Ajuste de Condutade 2010 que determinou a criação de mais um CAPs AD. Segundo ela, o Estado e o Município de Teresina não cumpriram obrigações do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para implantar mais CAPs AD e leitos psiquiátricos.
"A responsabilidade pela saúde mental é dos Municípios com suporte do Estado e da União. No TAC, o Município não implantou mais um CAPs AD e o Estado tinha obrigações com relação ao pleno funcionamento do CAPs infantil. A demanda é crescente e os gestores precisam tomar providências", pontuou.
A vereadora Teresa Britto (PV), proponente da audiência, lamentou os inúmeros problemas dos serviços da capital no setor, lembrou que os CAPs funcionam em locais inapropriados, que são alugados, e solicitou recursos no orçamento do próximo ano para criação de novas estruturas de atendimento. "Encaminhamos para que no orçamento da Prefeitura de 2014 sejam destinados recursos para construção de estruturas próprias dos CAPs, porque hoje são casas alugadas inapropriadas, criando três CAPs AD e um CAPs III, além de melhorar os serviços das Casas de Acolhimento e criar uma comissão interinstitucional para fiscalizar o sistema de saúde mental de Teresina", pontuou.
Representando a Gerência de Saúde Mental de Teresina, Izabel Karine Carvalho informou que a demanda é crescente e a meta da Prefeitura é de criar mais dois CAPs AD até 2014, além de transformar CAPs II em CAPS III com funcionamento 24 horas. "A meta da gerência de saúde mental de Teresina é criar mais dois CAPs álcool e drogas e o CAPs III, que trata dos casos emergenciais com pacientes em crise", assegurou.
Em: 21/08/2013 15:05:00
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