Uma reunião ocorrida no Ministério Público Estadual nesta terça-feira (17), sob a coordenação do promotor Fernando Santos, discutiu a proposta da prefeitura de Teresina, que pretende remover mais de 1.300 famílias que residem na avenida Boa Esperança, zona norte da capital. A vereadora Teresa Britto (PV) participou, a convite das famílias atingidas, e propôs que a prefeitura discuta com a população outras alternativas para a construção da terceira etapa do Parque Lagoas do Norte sem precisar desapropriar os imóveis.
A parlamentar já acompanha a situação desde que as famílias foram abordadas por técnicos da prefeitura que foram até o local para fazer um cadastro das pessoas a serem retiradas. "Isso já começou errado porque essas pessoas abordaram as famílias de forma abrupta, dizendo que elas deveriam sair de lá", comentou Teresa Britto.
Também presente à audiência, o secretário de Planejamento do município, Washington Bonfim, reconheceu que houve falha na abordagem dos técnicos junto às famílias e explicou que há um estudo do Ministério da Integração Nacional atestando que essas casas estão em área de risco. Por isso, o projeto só poderá ter andamento com as desapropriações.
Teresa Britto contestou. Segundo ela, a região nunca foi alagada durante o período chuvoso e a prefeitura deveria desenvolver ações que incluíssem as comunidades do entorno do parque.
"Eu fui secretária de Assistência Social do município em 2014, ano em que mais de 5 mil famílias ficaram alagadas com a enchente e nenhuma família da Boa Esperança ficou em situação de risco. A prefeitura precisa é usar de novas tecnologias. Existem inúmeras cidades pelo mundo que foram erguidas sobre as águas. É o caso de Veneza e Amsterdã. As tecnologias vão possibilitar que aquelas famílias possam continuar vivendo lá. Quanto a preservação ambiental, a comunidade é quem cuida dos cágados e dos animais silvestres que lá vivem. A distância das casas para o rio Parnaíba é muito superior do que diz o Código Florestal. Entraram de forma abrupta nas casas dessas pessoas e passaram uma mensagem negativa. Pedimos é que a prefeitura seja mais próxima das comunidades. Sou contra a retirada até que me provem por A mais B que somente aquelas famílias devam ser retiradas", argumentou.
Washington Bonfim afirmou que o projeto Lagoas do Norte vem trazendo benefícios sociais, econômicos, culturais e de saúde para a região e admitiu que a prefeitura deverá contratar um novo estudo, feito por técnicos independentes, que permitirá, segundo ele, ter uma dimensão melhor do local. "Já reconhecemos que houve falha no cadastramento das famílias. O programa está efetivamente minimizando os riscos na região e trazendo melhorias. Construímos as passagens, ligando avenidas e ruas, tirando aquela região do isolamento, possibilitando a passagem das pessoas e veículos. Mas temos o risco jurídico porque há pessoas em áreas de alagamento. Estamos contratando técnicos que não têm relação com a prefeitura para que eles possam dar o seu juízo de maneira transparente", declarou.
Em: 18/03/2015 10:26:00
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